Bodas de marfim
- Aline S. Capella
- 19 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de set. de 2023
14 anos... 168 meses, 730 semanas, 5110 dias... ou algo assim. Parece muito tempo, né?
Esse é o tempo de minha história com ele. E como não sou dos números, e sim das letras, vou contar esse tempo em memórias que juntamos. Tarefa difícil... só quem me conhece bem, sabe que eu, literalmente, esqueço absolutamente tudo. Sou capaz de assistir ao mesmo filme duas, três vezes achando que é inédito!
Mas não me esqueci do nosso primeiro encontro como namorados, há exatos 14 anos, no shopping... bem, não lembro o nome do shopping, mas sei que foi em um.
O que lembro mesmo é que eu dei o primeiro beijo, e ele se espantou... porque já tinha tentado tantas vezes e eu, é claro, me esquivava. Foram tantos cafés, tantas tentativas frustradas... E olha que ele nem gostava de café !
Lembro-me também das viagens que fizemos, tantas que até perdi a conta, e de cada pedrinha, conchinha, folhinha que recolhemos. Lembro-me dos shows: Maria Rita, Nando Reis, Roupa Nova... E como sou filha de Maria, caipira do interior, não podiam faltar os sertanejos! Fernando e Sorocaba, Jorge Mateus, Rio negro e Solimões... claro que esqueci alguns.
Lembro-me das várias vezes que dançamos. Forró! Eu toda desengonçada, perdendo o passo a cada rodopio. Ele, sempre me trazendo de volta pro eixo. Pro braço. Pro abraço. Aliás, que abraço. Ele me abraça com o corpo e a alma.
E me lembro daquele trabalho de parto de 12 horas com ele segurando minha mão... e do sorriso bobo e emocionado ao ver a Sofia pela primeira vez, antes de mim...
E tem os momentos engraçados! Ele agarrando a Sofia e correndo do boi que vinha em nossa direção enquanto eu apreciava a paisagem. Ele em pânico atrás da Sofia em disparada morro abaixo, em um trenó na neve, enquanto eu, lá de trás, tentava me manter na estrada. Ele tirando desesperadamente as formigas que subiam pelas pernas da Sofia enquanto eu dizia: "Olha, acho que ela tá em cima de um formigueiro..."
Em minha defesa: uso óculos, não enxergo bem...
E os pedidos de casamento? Tantos que perdi a conta. Teve pedido em alto estilo, em cima do palco, cantando Jota Quest, com direito a aliança levada pela minha primogênita, mas teve também pedido na praia, na cachoeira, comendo pizza, com os amigos, na festa junina... Eu, como boa libriana indecisa que sou, tinha um pé atrás. Sabe como é... carioca... demora pra gente aceitar. No meu caso, só demorou dez anos. Mas um dia aceitei pra valer, marcamos a data e casamos. E que casamento! E você pensa que ele parou? Que nada! Continua pedindo. A diferença é que agora eu sempre aceito.
E por aí vai.
Apesar de ser desmemoriada, quando começo a pensar em coisas boas que fizemos, tem lembrança que não acaba mais!
Aí você me pergunta: só momentos engraçados e felizes?? É claro que não! Mas o segredo de um relacionamento duradouro está em rememorar o que vale a pena.
E nesses anos todos, passamos por tantos momentos que fazem nossa vida valer a pena!
E é isso. Caminhamos rumo a mais 5110 dias (com certeza, alguns mais felizes que outros). Vivendo um dia de cada vez. E nos amando cada dia mais.
E assim seguimos, familiando por aí...
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